Qual é o maior sonho de uma mulher?

Partimos para encontrar as profissionais do sexo do Vale do Anhangabaú.
Levamos uma história, um enigma, chegamos perto para pedir ajuda.

Posso lhe contar?

Elas olhavam para o lado, atravessavam nosso olhar em busca dos homens que ali passavam.

Falamos baixinho, perto delas, quase um segredo:

Era uma vez um grande rei que governava as terras onde hoje estão a Inglaterra, a Escócia, o País de Gales e a Irlanda.
Arthur, chamava-se.
Um dia, Arthur saiu para caçar sozinho e encontrou uma alce imenso, todo branco de chifres galhados.
Era ele.
Arthur saiu em disparada atrás do bicho.
Acabou indo parar numa clareira da mata, onde nem sequer a luz conseguia penetrar pela trama das árvores imensas.
Súbito, um homem gigante, vestindo uma armadura negra, parou diante dele e trovejou: “Quem ousa caçar nas minhas terras?”. E preparou-se para matá-lo.
Diante da infração evidente, Arthur preparou-se para morrer como um verdadeiro cavaleiro: “Este é um belo dia e um magnífico local para morrer”, avaliou. O Cavaleiro Negro, reconhecendo a coragem do rei, decide desafiá-lo. Pediu que ele voltasse depois de três dias e três noites trazendo a resposta para a seguinte pergunta: Qual o maior sonho de uma mulher? Se conseguisse a resposta a vida do rei seria poupada.

Os olhares das moças não mais buscavam algo fora e sim uma resposta bem do lado de dentro: Qual o meu maior sonho?





























Durante três dia e três noites, o rei Arthur e seus cavaleiros entrevistaram todas as mulheres do reino.
No final do terceiro dia, sir Gawain caminhava pelo bosque quando uma mulher horrenda apareceu na sua frente. De seus cabelos cresciam criaturas rastejantes e seus olhos eram vermelhos, pequenos e remelentos. Feridas cobriam o corpo curvado e retorcido, coberto com uma capa vermelha escurecida de sujeiras. Mas as palavras que a velha bruxa dirigiu ao cavaleiro foram como um clarão de esperança. “Sou Dame Ragnell, irmã do Cavaleiro Negro e conheço a resposta para a terrível pergunta que atormenta você. Posso contar, com uma condição: quero casar-me com o mais belo, o mais forte, o mais corajoso e bom dos cavaleiros do rei Arthur – O SENHOR MESMO – sir Gawain!!
Sir Gawain faria qualquer coisa para salvar a vida do rei e aceitou o pedido de Ragnell.
Então ela disse que o que uma mulher mais sonha em toda sua vida e Sir Gawain contou ao rei Arthur que então foi ao encontro do Cavaleiro Negro com a resposta certa e pode sair do domínios do grande cavaleiro vivo e livre.
O dia do casamento chegou. Toda a corte estava imensa em tristeza. E quando o sol nasceu, a cerimônia não teve os cantos alegres e as brincadeiras tradicionais. Gawain e Ragnell casaram-se em meio ao silêncio e à pena de todos.
Já a sós, os noivos conversaram até o sol se pôr. Quando se preparavam para dormir, a horripilante noiva cobrou do jovem seus deveres de esposo e um beijo. O nobre cavaleiro, sem pestanejar, colocou os lábios sobre a boca nojenta da bruxa. No mesmo instante, surgiu diante dos olhos espantadíssimos de Gawain a mais bela princesa que jamais havia existido.
E com voz de música a princesa falou: “Como você foi gentil comigo, vou deixar que decida. Posso assumir minha forma de princesa apenas durante uma parte do dia. Como você me quer? Bela para você durante a noite ou bela à luz do sol para seus amigos?” Gawain então olhou para Ragnell, curvou-se numa reverência e respondeu: “Lady Ragnell, a decisão é sua e eu vou respeitar sua escolha,qualquer que seja ela”.

O maior sonho de uma mulher é ter sua vontade, seu desejo e sua autonomia respeitadas.

E com estas palavras e sua soberania assim reconhecida pelo marido, Dame Ragnell escolheu ser bela tanto durante o dia quanto à noite e ambos, o nobre e generoso Gawain e a linda e poderosa Ragnell, decidiram ser fiéis um ao outro por toda a vida.

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